Algumas pessoas me abordaram e perguntaram o porquê de não escrever
sobre a temática atual das construções dos relacionamentos homoafetivos, então,
resolvi explanar sucintamente o tema. Nossa vida é baseada em escolhas, vivemos
baseados naquilo que escolhemos e o amor é uma dessas escolhas que fazemos. Há
crenças na existência do amor de que ele é durável e para sempre, e de que ele
supera tudo.
Apesar dessa visão de amor, podemos perceber ao longo da vida, que esses
termos românticos ao longo da vida foram construídos tendo como base os papéis
de gênero. Atualmente, observa-se um quadro diferente: a manutenção desse
ritual está baseada no interesse em construir uma identidade e uma biografia
pessoal pautada em valores, realização e desejo. O avanço conquistado refere-se
à igualdade dos papéis na atualidade.
Talvez, o fracasso em alguns relacionamentos heteroafetivos, mas,
principalmente, a realização da construção de sua própria identidade como ser
humano, levaram indivíduos a desejarem se arriscar em outras relações, tais
como: homem/homem e mulher/mulher. A partir desses indicadores, iniciou-se uma
transformação dos modelos de família. Uma das formas de compreender essas
relações é ver o amor como emoção. Nesta perspectiva, ele é visto como um
sentimento afetuoso e de satisfação sexual e cada emoção desempenha uma função
específica para a manutenção da sobrevivência do ser humano: a satisfação de
estar ao lado de quem realmente o (a) faz feliz e completo (a), independe de orientação
sexual. O fundamental é ser e estar bem consigo mesmo. Desta forma, o amor é
vivenciado universalmente e a forma que cada um experimenta influencia na
sociedade em que está inserido. Tal sentimento é o que faz o indivíduo sofrer e
/ ou não assumir de fato a lidar com essas escolhas.
É importante ressaltar que aqueles que expressam suas orientações
sexuais (heterossexuais, homossexuais, bissexuais, pansexuais, transsexuais)
devem se sentir seguros. O que não pode acontecer é um dos indivíduos
envolvidos não se sentir bem dentro do processo onde a existência dele esteja
inserida, e, portanto, nesse caso, essas pessoas precisam de acompanhamento
psicológico para se integrarem à orientação que o corpo delas expressa como
existência neste planeta. Não pode ser considerado como uma doença: é um
trabalho de alma, de escolha segura. Para tal, essas pessoas precisam encontrar
outras da mesma energia de gênero. Assim, conseguirão se completarem,
independente de suas orientações. Há relacionamentos que apenas o casal se
gosta, ou a pessoa pode se sentir próxima da outra, mas sem a presença de
paixão ou de um compromisso a longo prazo. Em outros casos, há relações com
paixão – grande excitação mental e física, com desejos de relacionamentos
duradouros com certa obsessão; indivíduos com amor vazio; relações de longo
tempo em que alguma vez já esteve presente a paixão, mas que hoje esse
sentimento esfriou, porque no amor romântico, as pessoas se atraem apenas pelos
desejos físicos e emocionais. A permanência dessa relação é imprevisível que
poderá ou não pensar em um futuro com o (a) parceiro (a), visando uma relação
duradoura e significativa, ou o amor inconsequente – característico
de relacionamento baseado em amor à primeira vista. Neste caso, observa-se que
ambos se conheceram um dia, e logo depois resolveram morar juntos e/ou casar,
embasados na paixão; por isso, quando esse sentimento diminui, o relacionamento
se rompe. Tais tipos de amor acontecem em quaisquer gêneros. O que temos que
praticar é o respeito para com as pessoas que fazem suas próprias escolhas,
objetivando a satisfação. Quem não deseja uma relação duradoura? Todos os
descontentamentos, disfunções e dificuldades que as relações homoafetivas
trazem para os processos da vida às vezes criam embaraços para os
parceiros (as), não só para o companheiro em si, mas para ambos, ao serem
incorporados em uma sociedade onde a orientação sexual é um tabu e não é
reconhecida como sendo da maioria convencional, e que continuam sendo vistos
como uma minoria dentro da coletividade. Assim, surgem problemas de falta de
inclusão, rejeição, agressividade em relação à diferença resultando em
estímulos para tratamento ou abordagem psicológica e psiquiátrica.
Infelizmente, há um descontentamento por parte de algumas pessoas. Portanto, o
que se discute não é o descontentamento, mas sim, a orientação sexual. Os
problemas precisam ser enfrentados para não se transformarem em dependências
emocionais ou outras patologias.
Diante do exposto, verificam-se como as representações sociais orientam
as relações individuais e influenciam o mundo e os outros. Cada indivíduo
possui valores, crenças, desejos, experiências, frustrações, projeto de vida,
entre outros, que constituem a sua individualidade. Assim, o indivíduo passa a
partilhar com o outro e recebe formas de lidar com suas escolhas para manter
uma vida conjugal satisfatória, sem preconceito. Essa discriminação é produto
de uma história cultural pautada em valores, crenças e comportamentos. Contudo,
percebe-se um processo de mudança, decorrente de movimentos sociais,
facilitando a compreensão e aceitação pela sociedade, embora em nível de
mentalidade, as mudanças estão aquém do desejado para que realmente haja
equidade de direitos entre os gêneros.
Por
Rejane RomeroPedagoga
Assistente Social
Palestrante
Especialização em Psicologia dos Distúrbios de Conduta
Mestre em Psicologia Social
Assessora Pedagógica do Programa Comandante de Companhia – Marinha do Brasil
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