LUTO: COMO SUPERAR ESTE VAZIO ATRAVÉS DA ACEITAÇÃO

     





        Temas como luto, amor e família são desafiadores, especialmente quando seus entes queridos são confrontados com a dor da perda de alguém afetivamente importante, seja esta temporária ou definitiva.
        A vida tem muitos mistérios, e talvez o maior deles seja a morte. Nunca poderemos entender o porquê de um ente amado ter que partir. A dor que sentimos é imensurável. Nestas horas, não há nenhuma palavra que possa ser dita que seja capaz de confortar os nossos corações. Tudo parece perder o sentido e ficar pequeno diante de tamanho sofrimento. 
        A partir desses acontecimentos, resolvi escrever como se dá o processo de luto das pessoas que vivenciaram a perda. O luto se faz presente não só nos casos de morte, mas também, por ocasião de separações e rompimentos, seja de relacionamentos  amorosos ou amizades, bem como em momentos de perdas materiais, de status ou da própria identidade.
Porém algumas coisas podem e devem ser realizadas para que possam ajudá-lo a conseguir passar pelo momento de dor.
A primeira é: não evite o choro. Chore intensamente, e não permita que ninguém te impeça disso. Aproveite para chorar essa perda, isso é muito importante. Viva intensamente essa dor, sem medo, é ela que vai curá-lo.
       Segunda: respire intensamente, não comprima a respiração durante o dia, e sempre que se sentir respirando menos, intensifique a respiração e deixe sair a dor.
       Essa experiência de dor não deve ficar retida nas suas células, limpe tudo isso chorando, quando tiver vontade, e lembre-se de respirar profundamente. 
      A terceira ação é aproveitar o momento para se aprofundar em sua alma. Procure práticas meditativas ou espirituais que te levem para dentro. Nesses momentos, a introspecção estará facilitada e você pode obter muito mais intimidade com seu Eu Superior.
     A pior situação que pode acontecer é você se revoltar e fazer o caminho inverso ao que te apontei acima, isso só pioraria a situação e atrasaria sua caminhada. Pelo contrário, encontre sua força profunda aí e busque pelo seu Eu Superior que estará muito receptivo neste momento.
    A quarta é buscar alguma prática física, seja caminhada ou esporte que você goste. Faça isso com constância que muito te ajudará.
     Quinta: evite remédios e medicamentos que te entorpeçam e te deixem anestesiado. Enfrente a situação com coragem, retirando dessa experiência profundos aprendizados.
      Sexta: aumente sua fé. Creia com todas as suas forças que vocês estarão sempre ligados pelos laços do amor e da amizade. Leia bons livros e assista filmes, e procure conversas edificantes com pessoas que estejam em condições de puxar tua vibração para cima e não para baixo.
       Sétima: às vezes, precisamos buscar uma ajuda profissional para continuarmos. Um terapeuta pode te acompanhar nessa passagem, evitando traumas e o prolongamento da dor.
       Oitava: tenha a certeza de que tudo na vida passa.
       A morte faz parte da vida. Todos começamos a morrer exatamente no dia em que nascemos. A morte, portanto, é um etapa da nossa existência com a qual temos que conviver.
       Pode-se conviver melhor ou pior com ela, mas não se pode evitá-la. Pode-se aceitar a sua inevitabilidade e olhá-la de frente, ou pode-se negá-la, fugir dela, imaginar que, não pensar na morte possa fazer com que ela deixe de acontecer com você ou com a sua família.

  Há muito tempo, no Tibete, uma mulher viu seu filho, ainda bebê, adoecer e morrer em seus braços, sem que ela nada pudesse fazer. Desesperada, saiu pelas ruas implorando que alguém a ajudasse a encontrar um remédio que pudesse curar a morte do filho. Como ninguém podia ajudá-la, a mulher procurou um mestre budista, colocou o corpo da criança a seus pés e falou sobre a profunda tristeza que a estava abatendo. O mestre, então, respondeu que havia, sim, uma solução para a sua dor. Ela deveria voltar à cidade e trazer para ele uma semente de mostarda nascida em uma casa onde nunca tivesse ocorrido uma perda. A mulher partiu, exultante, em busca da semente. Foi de casa em casa, sempre ouvindo as mesmas respostas.“ - Muita gente já morreu nessa casa”; “ - Desculpe, já houve morte em nossa família”; “ - Aqui nós já perdemos um bebê também.” Depois de visitar a cidade inteira, sem conseguir a semente de mostarda pedida pelo mestre, a mulher compreendeu a lição. Voltou a ele e disse: “ - O sofrimento me cegou a ponto de eu imaginar que era a única pessoa que sofria nas mãos da morte”.


        A você e a mim, portanto, resta apenas aprender a conviver com ela. Encará-la de frente, compreendê-la, admiti-la. Em vez de escamoteá-la, negá-la, escondê-la. E, quem sabe, assim, sofrer menos com a visita que ela nos fará um dia e com os eventuais sinais da sua presença que ela já tenha plantado ao nosso redor.



Por
Rejane Romero
Pedagoga
Assistente Social
Palestrante
Especialização em Psicologia dos Distúrbios de Conduta
Mestre em Psicologia Social
Assessora Pedagógica do Programa Comandante de Companhia – Marinha do Brasil


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