ACORDOS SÃO NECESSÁRIOS NOS RELACIONAMENTOS


A complexidade dos relacionamentos nos obriga a adotar diversas formas de atitudes a fim de obter sucesso entre o casal. A necessidade de constantes adaptações ou “estratégias” forçam algumas pessoas a desempenharem papéis desagradáveis ou a se submeterem a situações não favoráveis para si.


Quando falamos em relações pessoais, podemos compreendê-las a partir de diferentes pontos. Cada um tem sua “bagagem” e se relaciona com o outro dentro desse contexto. Um bom exemplo é perguntar: “O que se espera desse relacionamento? Daquele(a) parceiro(a)? Qual a sua perspectiva em relação aos dois?” Cada um tem sua realidade, percebendo o amor e as relações como um fenômeno pessoal. Dessa forma, construir relações firmes e duradouras dependerá da realidade de cada um (sua história, sua vivência) pelo sistema social no qual está inserido, ou seja, quais os vínculos que esse sujeito mantém com o sistema social que convive ou conviveu. A história do outro é importante. Quais os elos que mantém com seus familiares e amigos?
Determinadas atitudes advém de relacionamentos anteriores em que a pessoa repete o mesmo comportamento. Nesse contexto, a forma como cada um vivencia a relação a dois sofre influência do meio em que cresceu, o que acaba tendo reflexos no futuro. As experiências que eles trazem de suas famílias de origem influenciam diretamente na construção do relacionamento. A maneira que cada casal se conecta é uma forma como cada uma delas se relaciona consigo mesma. Se uma pessoa é muito carente e carrega dentro de si diversas frustrações, ela terá tendência a projetar no outro suas carências e insucessos. Duas pessoas felizes têm muito mais chances de ter um relacionamento saudável, construindo pilares sólidos que trazem aprendizado, segurança, bem-estar e crescimento. Pessoas que não sabem lidar nem com elas mesmas terão dificuldades em se relacionar com os outros. Ajustamento conjugal é necessário, como comunicação, integração e satisfação. Assim, terá bons resultados. Posto isso, a satisfação será entendida como o casal percebe a coesão entre eles, a expressão de afeto e as expectativas construídas ao longo do tempo. Por isso, os ajustes são determinantes para que esse casal funcione e supere as diferenças. Contudo, dependerá do clima, da energia e da sabedoria com que cada protagonista dessa relação conduzirá o amor. O amor também pode ser considerado como um comportamento. E para que o efeito da relação perpetue e seja potencializado, é necessário que a confiança se torne algo crucial.
A confiança e a lealdade são princípios básicos para que se tenha uma verdadeira relação e acordos são necessários, mas, devem ser seguidos, para que estes contribuam para sua construção saudável. Por isso, para o casal fazer acordos é preciso ter coragem. A coragem para combater as resistências como algo desagradável ou pouco aceitável na sua opinião é o grande desafio num relacionamento. Essas resistências precisam ser superadas e devem ser sim, acordadas entre ambos. O casamento tem que ter acordos para que um saiba o que o outro gosta ou não gosta, quais são as peculiaridades, atitudes, maneiras que o outro prefere ou não prefere, a ponto de um satisfazer o outro positivamente. Além disso, é fundamental que ambos conversem, argumentem suas insatisfações e tristezas, não culpando o parceiro, mas sim, chamando a atenção sobre algo que não trouxe satisfação. Porque o outro me desagrada, não tenho mais vontade de construir nada com ele(a), não é a solução, porém, tentar entendê-lo(-la), ceder para que outro fique feliz, estabelecendo acordos, é a maneira mais adequada e que se espera dessa construção. E, a partir daí, o casal deve entrar em acordo, na medida do possível, para que a relação tenha sucesso e avance. A ousadia e o desafio estabelecem tais acordos que devem ser cumpridos, a fim de manter o relacionamento afetivo como uma conquista para homens e mulheres.
Relacionamentos são oportunidades de crescimento e desenvolvimento, porém, os relacionamentos íntimos são os melhores para percebermos que camuflamos ou escondemos determinadas dificuldades ou segredos e transferimos para a relação a dois, fato que acaba comprometendo a convivência. Quando essas manifestações interferem no relacionamento, precisa-se haver uma mudança para resgatar o romance. Só haverá mudanças se aproveitarmos cada erro e transformá-lo em aprendizagem. Só curando nossos problemas internos é que conseguiremos ter relacionamentos saudáveis. A visão de que o outro é quem está fazendo mal ou cobrar a felicidade em algo fora de nós é o caminho, a justificativa do rompimento da relação.
No entanto, por meio das matérias do blog, “Mulheres e Suas Escolhas”, observamos que conflitos existem para que possamos entender quais as mudanças preciso fazer em mim para que esses relacionamentos doentios, dolorosos e desagradáveis não sejam mais o padrão em minha vida. Se quisermos encontrar relacionamentos cheios de amor, maduros, de acolhimento, de parceria, amizade e compreensão, precisaremos resolver pontos destrutivos que ainda estão em nosso inconsciente e nos conduzem a atitudes de exigências e fantasias.  Muitas vezes, idealizamos o outro para que este realize nossos desejos mais íntimos e que geralmente não podem ser materializados na vida real. É perigoso trocar o real pelas fantasias porque gastamos tempo demais em perceber que o que deve ser mudado é como nós modificamos a realidade presente da relação na prática. O excesso de exigências ou viver em um mundo de fantasias pode destruir aos poucos o relacionamento.
Esse mundo de fantasias que exige do parceiro pode ser devido a históricos familiares que marcaram fortemente a criação do homem e da mulher. Se o meio influencia fortemente a relação, é possível que muitas das desavenças pessoais entre o casal sejam reflexos da criação familiar que tiveram. Antigamente, era imposto ao homem o dever de sustentar o lar financeiramente, e quem mandava na família. A mulher e os filhos eram obrigados a fazer somente o que o pai dizia, a mulher era totalmente submissa. No entanto, se o homem fosse criado somente pela mãe, ele iria argumentar que é dever da esposa sustentar o lar ao invés do homem, que mulher tem que pagar todas as despesas, que o dinheiro dela pertence a ele também, etc. Pelo ponto de vista de algumas mulheres, acham que foram criadas para serem princesas e submissas, não tinham voz nem posicionamento. Atualmente, é necessário que ambos libertem-se desses maus hábitos e descubram juntos o que é melhor para o relacionamento conjugal. Posto isto, os acordos geram parcerias, trazem equilíbrio, acolhimento e bem estar. Acordos também precisam ser adaptados, mudados e até cancelados. Com a atual transformação da vida, necessita-se evoluir e acompanhar essa nova história.
                           
Os problemas na verdade estão dentro de nós. Se não concorda, então, pense: por que aceitar uma relação destrutiva, desanimadora e infeliz? O bom de tudo isso é saber que através de leituras e acompanhamentos terapêuticos é possível adquirir esclarecimentos e terá uma opção de mudança e aprender como fazê-lo. Mas nenhum remédio funciona dentro de um frasco: é necessário vontade de ingeri-lo e assim fazê-lo. Ninguém pode tomar o remédio por nós. O remédio é o autoconhecimento e a autorresponsabilidade. Ao mudar o olhar, verá que a dor é apenas um sinal de que algo dentro de você precisa ser curado.
Cada ser tem sua própria visão de mundo, acredita piamente que deve ser feito do jeito que ele (a) deseja, o certo é ele (a). Quantas vezes você deseja fazer um programa, mas, o outro quer ficar em casa ou ir para outro lugar, discordando da sua sugestão? Esses diferentes pontos de vista criam desentendimentos com aberturas para brigas. É importante observar o que está acontecendo quando as necessidades de um não atendem e nem satisfazem o outro. Fazer acordos onde cada um se sinta beneficiado e contente é uma boa saída. Amor é um sentimento que precisa ser construído, cuidado e regado. A parte que nos leva a ele se chama paixão e durante todo o processo precisa haver investimentos amorosos diários, paciência, compreensão e negociação.





Por
Rejane Romero
Pedagoga
Assistente Social
Palestrante
Especialização em Psicologia dos Distúrbios de Conduta
Mestre em Psicologia Social
Assessora Pedagógica do Programa Comandante de Companhia – Marinha do Brasil

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