DEPENDÊNCIA EMOCIONAL

A dependência emocional é a incapacidade de ficar sozinho, e que acarreta, na maioria das vezes, algo assustador: submeter-se a estar mal acompanhado. Pessoas que são dependentes sentem-se incompletas e necessitam do outro para preenchê-las, mesmo que a companhia lhe explore, domine, pise, agrida, minta, traia, roube, finja, entre outros. O dependente emocional sempre justificará as atitudes depreciadoras do outro em relação a si. É um incessante sofredor. A incapacidade desse indivíduo de manter um padrão de comportamento saudável é estarrecedora, pois, concorda com tudo que o outro fala, mesmo estando insatisfeito.
Contudo, vale ressaltar que esses indivíduos são dependentes exclusivamente emocionais, tornando-se reféns, e têm uma auto-estima abalada e desestruturada. Assim, rotineiramente, se envolvem com pessoas desequilibradas, doentias, manipuladoras, e, em alguns casos, violentas. No que diz respeito aos dependentes emocionais, estes desenvolvem uma sujeição do outro, têm uma dificuldade em discordar, são submissos, têm medo de serem abandonados, então, aceitam tudo. O que tem vontade de fazer tem medo que o outro descubra ou não concorde, então, criam uma redoma de mentiras em detrimento ao outro, surgindo, a partir daí, relacionamentos afetivos conturbados, aceitam ir a lugares que não gostam,  fazem uma festa de aniversário para o outro, mas nunca faz para si, participam de grupos inadequados para obter carinho, estar junto e ter atenção, enfim, se despersonalizam para não ficarem sozinhos na vida.
Por esse motivo, no universo preponderantemente há milhares de dependentes emocionais de seus respectivos companheiros, que vivem em torno das atividades sugeridas por ele, freqüentam a família dele, algumas esquecem sua família de origem, deixam de visitar sua mãe, deixam de fazer o que gostam em detrimento de seu companheiro. Passam a não ter vontade própria, as opções de escolhas são pequenas, não fazem questão de colocar em prática seus desejos. Para as dependentes emocionais, o que importa é que seu companheiro esteja satisfeito e feliz; dessa forma, logo estarão bem. São mulheres que fazem de tudo para não contrariá-los, fazem roteiros, programas, lazer, cozinham seus pratos prediletos, recebem somente as visitas autorizadas por ele, tudo acaba sendo privilegiado porque o companheiro é o “rei” da casa e da relação. Todas as atividades giram em torno das necessidades, prioridades, das exigências do “rei”. Vale ressaltar que nem sempre são eles os provedores, algumas mulheres têm um salário maior e/ou outras trabalham na mesma proporção. Entretanto, se anulam em detrimento ao “rei” / “imperador”, onde sempre a primeira e a última palavra é a dele, é o que manda. Tais fatos não trazem contrariedade para esse dependente emocional porque essas pessoas não percebem que estão se aniquilando como ser humano, não tendo vontade própria, concordam com tudo, são extremamente submissas, e impõem aos residentes do lar que sejam também os “súditos” desse manipulador, ou seja, a família também adoece. O que conta é a felicidade e a satisfação do “rei” que não pode ser contestado.


No que diz respeito às atitudes do dependente emocional, estes vivem em função do outro, ficam tolhidas ao direito de ir e vir, de escolher esse em detrimento daquele.  Para essas coisas não tem explicação: é como se fosse uma sombra, que acaba matando seus sonhos e desejos porque o outro não aprova. Inicialmente, a mulher não faz de maneira forçosa, ela faz voluntariamente, simplesmente porque quer fazer, e, com muita intensidade, passa por cima de seus valores. Por outro lado, a capacidade de perceber emoções negativas levam pessoas próximas, como amigos ou familiares, a sinalizarem ao dependente emocional a magnitude da situação, mostrando que há algo errado nessa relação. Na verdade, o relacionamento é uma via de mão dupla, se só você investe e não é investido, a tendência é o relacionamento se deteriorar, transformar-se em uma relação desigual.
O relacionamento é uma arte na qual precisa que se tenha um jogo de cintura, onde um deve se moldar ao outro. Ceder é importante para os dois, porém, não pode ceder tudo, abrir mão de seus sonhos e desejos em detrimento ao outro. Quando a mulher resolve falar para esse companheiro que está se dando 100% nessa relação, ele diz: “você fez porque quis”; “nunca te forcei a nada”; “nunca te exigi”; “essa dedicação total foi sua escolha”; “então você não pode me cobrar nada”.
Então, se um dia esse relacionamento se romper, essa mulher enlouquece, deprime, pode adoecer, porque olha para si e vê que se afastou dos amigos, logo não tem amigos, não tem vida própria, algumas deixam de estudar, sem terem uma profissão, ou seja, não têm nada, porque a vida delas era o outro. Essa mulher não se vê como um ser humano, pois, acha que a sua vida acabou.
Portanto, os sintomas relacionados à dependência emocional funcionam como uma droga, sendo necessária uma terapia (dedicada a indivíduos, casais, família, etc.), colocando assim em evidência quais aspectos e de que modo poder-se-ia intervir no núcleo desse problema tão individual quanto social.
Cabe ainda mais um esclarecimento: é possível sair desse quadro de dependência, se fortalecer buscando grupos de ajuda, como, por exemplo, o MADA, onde a mulher tem a possibilidade de ouvir depoimentos, reconhecer-se nos relatos, passar a ver que tais situações são mais comuns do que se imagina, que essa dependência emocional é tratável e tem cura.


Precisa-se manter com todos um relacionamento em que o respeito e o amor harmonizem a convivência, tornando-a natural e agradável, e entender que o relacionamento saudável implica um investimento de cada parte em si e no outro.




Por
Rejane Romero
Pedagoga
Assistente Social
Palestrante
Especialização em Psicologia dos Distúrbios de Conduta
Mestre em Psicologia Social
Assessora Pedagógica do Programa Comandante de Companhia – Marinha do Brasil

Comentários

  1. COMO SEMPRE UM ÓTIMO TEXTO, PARABÉNS, QUE ESTE TEXTO POSSA VIR AJUDAR DIVERSAS MULHERES.

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  2. Tanto amor jogado fora.... tem muitos que precisam apenas de um pouco de amor e atenção. Enquanto outros esbanjam jogam fora e nem se dão conta daquilo que recebem. Á vida é injusta mesmo vc se dedica dar todo o seu carinho atenção e ao invés de reciprocidade vc recebe indiferença. Hoje me vejo sentada no canto da minha cama olhando pro homem que eu tanto amo, tanto me dedico deitado dormindo bêbado com os pés sujos roncando suado. Depois de ter ficado dois dias fora de casa. E eu com todo meu sofrimento desses dois dias me entupi de sonífero para não ver as horas passarem junto com a minha solidão. No auge da minha overdose conversei com as roupas que estavam no berço e com bolas douradas no chão. Cai da cama, senti dores, enjoou dor de cabeça, tive crises intermináveis de choro, briguei com Deus, fiz as pazes com ele. Chorei até dormir e acordar suada de febre. Tudo isso por uma pessoa que não se importa comigo, apenas me usa pq sabe que sou fraca! Sim, eu sou fraca pois não sei dizer não dependo das migalhas de atenção deste homem. Neste momento estou ouvindo o seu ronco imaginando no que deve estar sonhando. Ridículo né? Pois é, essa é a minha mente doentia mente de uma mulher dependente emocional ! Sei que se alguém ler isso vai me criticar dizer que é falta de vergonha, mas não é pior que não. Hoje é menos um dia pra mim morro a cada minuto pois não tenho vida a vida que seria minha é dele e ele está a matando aos poucos. Meu Deus! Quando isso ira acabar!

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