SOLIDÃO NO CASAMENTO

Em todo momento pensamos em sermos felizes. Por causa disso, busca-se ajuda por acreditar que o outro sempre tem a solução. Entretanto, a resposta está sempre dentro de cada um de nós.
Essa transmissão de valores pode ser pensada de várias maneiras, mas precisa-se compreender que há várias questões atribuídas a essa função social que é o relacionamento/casamento. Algumas pessoas acreditam, principalmente, que é uma "prestação de serviços" o ato de "fazer o outro feliz"; que esta "relação deve ser eterna"; "uma vez casados, será para sempre", e esquecem que o essencial é nutrir essa união a cada instante. Os contextos da vida cotidiana devem ser levados em consideração. Estar em um casamento solitário é algo crescente, pois, há muitos casais que não dividem o mesmo espaço, ou a própria cama, e que dormem juntos (ou não), mas, nem se tocam tornou-se comum. A ideia de "estar juntos" pode também ser entendida como felicidade, no sentido a considerar que a aparência da relação é perfeita através de fotografias, filmes, imagens e em viagens, mas no fundo mesmo, tomamos conhecimento que o casal é solitário ou o quanto de solidão tem um dos dois ou cada um.
A psicóloga Cláudia Morais em seu blog “A Psicóloga” trata da situação da seguinte maneira: “Quando escolhemos alguém para partilhar a vida conosco, ambicionamos reconhecer naquela pessoa a vontade de construir um projeto sólido, que dê ainda maior sentido à vida e que permita que haja um sentimento de pertença. De resto, nas relações felizes e duradouras, os membros do casal tendem a revelar níveis mais elevados de bem-estar físico (e não apenas emocional), como se o casamento ou a união funcionasse como uma injeção que melhora o sistema imunitário. (...) Claro que a formação de um casal também está fortemente associada à necessidade de constituir família, ter filhos, mas a verdade é que precisamos do tal sentimento de pertença para que o casamento ou a união se prolongue no tempo. Vivemos cada vez mais e, também por isso, faz cada vez menos sentido a ideia de nos mantermos ao lado de alguém que não promova o "nós" ou que, apesar dos esforços, não está capaz de fazer com que nos sintamos efetivamente acompanhados. [Muitos pedidos de ajuda para melhorar a relação] estão relacionados com níveis de mal-estar tão elevados que permitem que as pessoas se sintam sós, ainda que se mantenham casadas.”
Esses temas são considerados significativos porque dizem respeito aos sentimentos, às relações afetivas, amorosas e familiares. Você acha possível uma pessoa satisfazer totalmente a outra? E que um só consiga completar todo o projeto amoroso do outro? Como terapeuta familiar, mantenho-me profissionalmente ligada a temas de cunho sentimental que permitem viajar pelas emoções. Sendo assim, ao tratar de sentimentos alheios não acho que isso seja possível. O amor não é um sentimento mensurável. Há relacionamentos que a gente vive, aquele que a gente sonha, o amor da teoria, o da prática e o que gostaríamos que fosse diferente, mas, não é, então, simplesmente, devemos aprender a viver e a conviver com aquele relacionamento que temos.
     Nesse momento, ocorre a construção de uma história em que a pessoa coloca em mente que é isso que ela pode ter: "pra que estragar/especular/procurar por coisas ou pessoas que sei que me farão sofrer?"; "tá bom assim"; sei que ele/ela, às vezes me trai...tudo bem"; "tenho também vantagens nessa relação". Analisemos: se o (a) outro (a) fosse melhor, o (a) insatisfeito (a) se separaria. Talvez seja porque você encontra em uma pessoa um pouco do que lhe agrada e na (o) outra (o) o restante. Por outro lado, nenhuma das duas pessoas preenchem 100% o desejado. Nenhuma relação vai preencher o outro completamente. Ao analisarmos esse querer sempre mais, esse sentimento pode transformar-se em um amor irrealizável, porque busca-se sempre a satisfação no outro.
     Dessa forma, surgem conflitos dentro do relacionamento, como por exemplo, a voracidade. “Voracidade é uma particularidade ou característica de quem tem uma vontade excessiva ou desejo exagerado por algo. (...) Em sentido figurado, voracidade pode significar a sensação de deleitamento e desejo veemente que um indivíduo sente por algo, por uma [uma pessoa], um hobby ou uma atividade. Um indivíduo que age com voracidade em relação a algo [ou alguém], possui fervor, gana, intensidade e paixão [temporária].” Porém, o amor é apenas uma parte da vida. O Professor Jed Diamond, defende a ideia de que o amor não é uma desilusão, mas sim é algo real e que pode durar.

O quanto cada um consegue oferecer ao outro o que tem e receber do outro o tamanho do relacionamento que seu (sua) parceiro (a) pode lhe proporcionar e se preencher podem tornar possível o sucesso de uma relação.
    Considerando tais reflexões, conclui-se  que não há um consenso entre as teorias, entretanto,  busca-se por meio de livros, textos, artigos, blogs, filmes, entre outras respostas que lhe satisfaçam e venham ao encontro com o que você busca.
    A diferença mais visível entre homens e mulheres é a certeza "da diferença do corpo" conforme "A crítica feminista no território selvagem", de Eliane Showalter (1994). Aqui a autora propõe uma reflexão sobre o processo de objetificação do corpo feminino promovido pela cultura patriarcal, onde a química física é comum e presente nas relações, mas que deve “(...) [rejeitar] a atribuição de uma inferioridade biológica e [enfatizar] a importância da corporalidade como fonte para a imaginação.” (Gomes & Guimarães: 2014, p.6)  
A psicóloga Cláudia Morais sugere como leitura “Os 25 hábitos dos casais felizes” onde ela discute que sempre deve haver uma “(...) busca constante de algo positivo no comportamento do outro. (...) Os casais infelizes estão sempre à caça de erros, falhas e comportamentos que possam ser criticados. Outra característica: os casais felizes discutem! Mas discutem de forma diferente da dos casais em crise. Não se limitam a lançar um número interminável de acusações. Procuram explicar o que sentem, perceber como é que o outro está a sentir, e respondem com afeto. E claro, os casais felizes riem muito em conjunto!”

Logo, a busca da satisfação é para se sentir realizado. O grande perigo é você morrer nessa relação, morrer do ponto de vista do sentimento. Seu universo amoroso deve ser estimulado a cada momento, assim como os ingredientes, sentimento e emoção dentro da relação.
     Perceber o sentindo da vida é primordial para, a  cada instante, conhecermos o outro, mesmo ela (ele) estando ao nosso lado por muito tempo.











REFERÊNCIAS:


DIAMOND, Jed. 5 Segredos para salvar seu casamento de meia-idade – Mesmo quando somente um dos dois está tentando manter a união viva. Disponível em:MEN ALIVE Acesso em 31 mai. 2017.


GOMES, Jaqueline Frantz de Lara. GUIMARÃES, Rafael Eisinger. A IMAGEM DO CORPO E A ESCRITA DA IDENTIDADE: A RELAÇÃO ENTRE CORPORALIDADE E AUTORIA FEMININA NA OBRA DE ELIANE BRUM. Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Minas Gerais, MG. Disponível em: CES JF. Acesso em 31 mai. 2017.

MORAIS, Claudia. Solidão no casamento. Disponível em: A PSICÓLOGA. Acesso em 31 mai. 2017.

Significado de Voracidade. Disponível em:SIGNIFICADOS . Acesso em 31 mai. 
2017.





Por

Rejane Romero
Pedagoga
Assistente Social
Palestrante
Especialização em Psicologia dos Distúrbios de Conduta
Mestre em Psicologia Social
Assessora do Projeto Comandante de Companhia – Marinha do Brasil

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