O DINHEIRO É MEU, É SEU OU É NOSSO?

      Se conseguirmos nos relacionar com o outro sem cobranças, teremos um relacionamento muito mais saudável, harmonioso e duradouro. Atualmente ocorre que, a cada dez casais, sete se separam até o quinto ano de casamento, sendo que, no máximo, dois chegam ao décimo ano de casados, por causa das desavenças causadas pelo desejo de controlar o valor do salário que o outro recebe.
         Tomando estas informações para reflexão deve-se respeitar a vontade do outro, pois o que é importante para um não é tão significativo para o outro. É preciso analisar o que me faz feliz, o que faz o outro feliz e porque omite-se uma situação para o seu parceiro.
         Quando você omite sua ação é porque, geralmente, você sente medo, um estado emocional que traz insegurança e apreensão, e que se fará presente nesta relação. Diante disso, quais fatores psicológicos são capazes de desencadeá-lo? Se você estiver em uma situação de ameaça ou perigo, você sentirá medo, pois ele leva a uma alteração das emoções e dos sentimentos, fazendo com que você se sinta impotente. O indivíduo sente medo porque existe a objeção. Por exemplo, se eu informo ao meu parceiro: “Olha, comprei um vestido de R$ 600,00”; “Amor, comprei o fogão que tanto queria. Ele custou R$ 2,000,00”; “Meu estojo de maquiagem custou R$ 400,00”, a reação da maioria dos homens é de brigar, xingar, ameaçar, entre outras. O medo surgirá diante dessa situação clara e evidente de ameaça ou de qual será o comportamento dele ao descobrir o que você fez. Por isso, uma grande maioria das mulheres omite os gastos, as dívidas, os valores dos objetos, manda entregar as compras na casa de parentes, da mãe ou de amigos, compram e escondem dentro de casa mesmo para o parceiro não descobrir, abre conta poupança, mas coloca em outro endereço para fins de correspondência, etc. No entanto, do outro lado, o parceiro alega que “nós” temos outras prioridades”, que “estamos sem dinheiro e você só fica gastando...”, e que “você tem que me perguntar antes se pode comprar”. Muitas vezes, a mulher pensa em compartilhar, mas é tolhida pela reação do parceiro, então, dessa forma, é bom se questionar: O que me faz feliz nesse relacionamento? Vivo mentindo e escondendo tudo para evitar brigas; será que isso é bom pra mim? Será que essa atitude me faz bem?

Quais são as escolhas que você tem feito hoje?

         Para romper a barreira do medo não se pode ter medo do seu par, mas respeito e consideração. Quando se estabelece respeito no relacionamento, um dos critérios é poder compartilhar, sentir-se seguro para falar a verdade, negociar, mostrar que você tem prioridades enquanto mulher, trabalhadora, aposentada ou mantenedora das despesas do lar e que precisa comprar “coisas” para você, isto é, suas necessidades femininas. Você tem todo o direito de usar o dinheiro porque o dinheiro é seu, depois, do casal, e, consequentemente, de toda a família. Esse controle que o outro quer ter sobre você é que leva à desmotivação, insatisfação, desinteresse, afastamento, traição e separação.
         Alguns casais optam para terem conta conjunta, porém, é necessário estabelecer critérios, mesmo tendo que dividir a despesa mensal da família, no sustento da casa, quanto gastarei mais neste mês, quanto precisarei de dinheiro para minhas despesas pessoais, etc. É preciso respeitar a individualidade do outro. O dinheiro não pode ser só da casa. Lembre-se de que você precisa de roupas, sapatos, bijouterias, maquiagem, cuidar do cabelo e das unhas, entre outras coisas.
O casal pode ter conta conjunta, mas os orçamentos devem ser separados. A sua vida particular e orçamentária deve ser preservada e permitida. E, em se tratando de conta conjunta, a terapeuta Cleide Bartholi Guimarães, autora do livro “Até que o dinheiro nos separe”, propõe que “(...) a conta conjunta seja usada para pagar as despesas comuns. A entrada de recursos deve usar o princípio da equidade, em que a participação no pagamento de contas é proporcional aos rendimentos de cada um. O restante do dinheiro fica nas contas individuais para ser usado de acordo com os desejos particulares.”
         Cumpre aqui um parêntese para apoiar algumas leitoras que, no dia-a-dia sofrem por relacionamentos desgastados, ao mesmo tempo em que lhes oferecem alegria, prazer e tristezas, e não conseguem sair desse círculo vicioso. Este blog visa satisfazer, informar e esclarecer sobre as expectativas de suas leitoras. As mulheres são convidadas a serem mais fortes, profissionalmente realizadas e a fazerem suas escolhas. Cabe ressaltar também que o “príncipe encantado” só existe em contos de fadas. O convívio no dia-a-dia é um processo lento, em que suas etapas são superadas a cada instante. Então, é necessário aprender a conviver, ceder, respeitar, dividir e a adaptar-se ao ritmo de vida, sempre respeitando a individualidade do outro.



Indicação de leitura
Livro: Até que o dinheiro nos separe
Autor: Antonio Carlos Barro





Por

Rejane Romero
Pedagoga
Assistente Social
Palestrante
Especialização em Psicologia dos Distúrbios de Conduta
Mestre em Psicologia Social
Assessora do Projeto Comandante de Companhia – Marinha do Brasil

Comentários

  1. "...Você tem todo o direito de usar o dinheiro porque o dinheiro é seu, depois, do casal, e, consequentemente, de toda a família. Esse controle que o outro quer ter sobre você é que leva à desmotivação, insatisfação, desinteresse, afastamento, traição e separação.." Concordo plenamente, se o copanheiro(a) não contribui com nenhum valor, você cansa e quer partir para outro relacionamento, certamente pq este já chegou ao final.
    Outra vez, o tema abordado e excitante, fabuloso e muito bem escrito. Parabéns

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