MULHERES NO PODER: COMO TORNAR-SE UMA MULHER PODEROSA?


Para uma mulher tornar-se poderosa, é preciso que ela tenha muitos pré-requisitos. Ser poderosa não é uma questão de estar acima dos outros, de “puxar o tapete” do próximo, de ser indelicada no falar e nas atitudes com as outras pessoas ou impor à força seus atos e palavras. Na verdade, é antes de tudo conhecer a si mesma, conhecer e ter a consciência de seus limites, fraquezas e defeitos, respeitar-se e transformar essa negatividade em colheita de atitudes positivas.
Mulheres que assumem cargos que antes eram só ocupados por homens, pode-se dizer que isso já é um reflexo de que as mulheres possuem capacidade suficiente para assumirem determinadas posições e cargos de grande responsabilidade. Para isso, a mulher deve ter a consciência de que a sua personalidade pode adaptar-se a várias situações. O grande problema é que a cultura do nosso país muitas das vezes reprime e não apoia essa possível realidade. Hoje, com o avanço da tecnologia, o pluralismo das ideias e conceitos, as experiências de milhares de pessoas que chegaram ao topo da carreira, que conquistaram bons salários, tornando-se independentes de pai, mãe, marido, filhos, e que sempre estão em busca de aperfeiçoamento são raríssimas. O mais difícil mesmo seja crescer o sentimento de “Eu posso, vou me esforçar sempre para conseguir. Eu vou até o fim. Eu vou chegar aonde quero! Eu vou conseguir! Não vou desistir, não vou sossegar até conseguir o que quero” dentro da gente. Muitos chamam isso de fé, outros de persistência, outros ainda de coragem. Não importa: o que vale é a fé positiva dentro de você e a sua determinação. É por ela que você se move todos os dias. É ela que te faz avançar nos momentos mais difíceis da sua vida.
Contra-almirante Dalva Maria Carvalho Mendes
O que faz então uma mulher chegar ao topo da chefia máxima de suas Instituições? Força? Ambição? Acredito que não. Acredito mais nos critérios de escolha como antiguidade no seu local de trabalho, mérito e qualificação, como a Contra-Almirante Dalva Maria Carvalho Mendes, da Marinha do Brasil, única mulher a ter a inédita patente de um Oficial-General; na capacidade, competência, igualdade e superação ao tornar-se a primeira mulher a comandar uma tropa de elite do país, o Batalhão de Choque da PM do Distrito Federal, a Tenente-Coronel Cynthianne Maria da Silva Santos; 
Tenente-Coronel Cynthianne Maria da Silva Santos
e
Juíza Leila Maria Carrilo Mariano

na força de vontade, na perseverança aos estudos (ela passou entre as mais bem colocadas no Instituto de Educação) e em meio aos desafios que a vida trouxe à Leila Maria Carrilo Mariano (não podemos nos esquecer de que até agosto de 1962, a lei no Brasil definia que a mulher deveria pedir autorização ao marido para trabalhar. Na época, o seu marido não a deixou cursar Arquitetura, seu sonho, porém, permitiu-lhe fazer Direito), juíza, e primeira mulher a ocupar o posto de Presidente do Tribunal de Justiça do Rio; no apoio e no aconchego familiar do companheiro e dos filhos, além de muita determinação e coragem da Márcia Pitta, Corregedora da Polícia Civil no Rio, que recebe várias ameaças de morte de uma profissão que não a faz a pessoa mais amada da Instituição, mas sabe que é tudo por causa da função que exerce, não tem nada de pessoal ali; 
Letícia Sardas
e pela atitude positiva de enfrentar situações constrangedoras ou quando algo de ruim acontecia, de saber quando era hora de “passar o batom e levantar a cabeça”, frase que virou mantra para a primeira mulher nos 80 anos de Instituição a assumir a Presidência do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio, Letícia Sardas.
Sra. Ruth Ojiambo Ochieng
A Sra. Ruth Ojiambo Ochieng, Diretora Executiva do Intercâmbio Cultural e Internacional de Mulheres de Isis (Isis-WICCE – Isis Women´s International Cross Cultural Exchange, disponível em: <http://nobelwomensinitiative.org/meet-ruth-ojiambo-ochieng-uganda/> Acesso em 10 mar. 2016), usa suas experiências sobre o trauma e a violência que sofreu durante ataques aos civis na Uganda na década de 80. Sua missão é trabalhar com pessoas (mulheres) que não têm a liberdade ou espaço para falar sobre a violência de que sofreram. Ainda, ela conduz programas de treinamento voltados para mulheres desenvolverem a capacidade de liderança em várias áreas, principalmente nos países em situação de pós-conflito (de guerra). Ela costuma dizer que “nenhuma transformação de países em situação de pós-conflito haverá se o corpo, a mente e o espírito da mulher não forem curados”.
Advogada Rachel Lindsay
Rachel Lindsay, advogada, bem sucedida, inteligente, solteira, muito simpática e divertida, é a primeira mulher Afro-Americana a participar do “The Bachelorrette”, um programa de televisão de grande audiência nos Estados Unidos, um reality show, em que uma mulher solteira de qualquer região americana conhece 25 rapazes, vindos de várias partes dos Estados Unidos e também de outros países, cujo objetivo é buscar um parceiro para se casarem. Existe também a versão masculina, o “The Bachelor”. 
Às vezes, a gente pode pensar assim: “Ah, mas não tenho tanta ambição assim como elas tiveram”; “Eu não tenho vontade nenhuma de entrar para a carreira militar, não levo jeito pra isso”, ou “Elas tiveram apoio familiar, eu não tenho nenhum”. Na verdade, a gente não precisa ter a mesma profissão que elas tiveram, mas este texto chama a atenção para quais características eu preciso desenvolver ou aprimorar em mim mesma para me tornar uma mulher segura, forte, corajosa e destemida:

    • Antes de tudo, você precisa reconhecer e aceitar quem você é, com seus defeitos e qualidades, tanto exteriormente quanto interiormente;
    • Refletir sobre suas condutas, de verdade mesmo, e não se colocar no lugar de vítima (“Mas, eu não errei em nada. O outro é quem é o culpado”). Você precisa reconhecer que erra tanto quanto os outros;
    • Aprender com seus próprios erros é, primeiramente, “engoli-los”, fria e cruamente, porém, acima de tudo, reconhecer que errou, perdoar-se, e se policiar para não cometê-los novamente;
    • Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.” Essa é a melhor expressão que você pode ter em mente para um recomeço;

    • Não tenha medo; antes de tudo, confie em você mesma, nos seus talentos e nos seus instintos positivos. A sua maneira positiva de ser já é motivo suficiente para você continuar sua caminhada pela vida rumo à colheita de bons frutos em sua vida pessoal, profissional e familiar;
    • Lembre-se sempre de que as dificuldades, tropeços, falhas, situações constrangedoras acontecem, não com a finalidade de nos abater, mas sim, eles existem para que possamos crescer e amadurecer com as adversidades. Portanto, não ignore-as, mas, interprete-as sabiamente e saiba extrair o otimismo e o aprendizado;
    • Faça algo produtivo e correto. A confiança vem através da nossa consciência de tomar atitudes corretas, de boa consciência para nós mesmas e para o outro;
    • Tenha fé na sua capacidade. Todos nós nascemos com um talento. Use o seu talento em favor de si mesma, porque ele mesmo se encarregará de refletir-se nos outros;
    • Seja feliz no que você desempenha. Goste do que você faz, aprimore-se no conhecimento que lhe falta, busque maneiras de se satisfazer seus desejos com bom senso e sabedoria;
    • Seja segura e firme nas suas decisões. Dê crédito a sua opinião. Você é alguém especial e importante, e aquilo que você considera positivo ou negativo também tem o seu devido valor;
    • Não se acanhe diante de uma afronta e nem se sinta menosprezada se o outro não compartilha do mesmo ponto de vista que você. Você tem o seu valor à medida que você se respeita, se conhece, sabe do que você é capaz e que também sabe respeitar as diferenças que o outro traz; e
    • Faça a diferença na vida de alguém. Como conhecer-se é um processo, e muitas das vezes, lento, quando você utiliza seus talentos e o que você tem de mais precioso em favor do outro, você acaba sendo reconhecida pelo otimismo que espalhou.
Bom, acho que esses são alguns dos pontos que gostaria de ressaltar de mais extraordinário e produtivo para quem está precisando olhar mais firme para o alto e para dentro de si mesmo, e saber que todas nós possuímos uma força interior muito profunda e forte. No entanto, na maioria das vezes, nos deixamos levar pela opinião alheia, aceitamos o que elas falam de negativo a nosso respeito, e desconsideramos nossa posição. Olhando para esses exemplos de mulheres acima citados, olho para dentro de mim mesma e vejo que a mim tudo é possível, desde que eu tenha força o suficiente para prosseguir confiadamente naquilo que sou. Talvez, não sejamos as melhores na nossa profissão, a melhor esposa, a melhor aluna, a melhor cozinheira, a melhor mãe, ou a melhor filha, e nem almejamos ser a melhor em nada do que ninguém, porém, é preciso termos muita força de vontade, amor à vida, muita fé de que somos capazes de alcançar o que desejamos, mesmo cometendo hoje as mesmas falhas de ontem, mas a vida é assim mesmo, um processo longo e contínuo no intuito de subirmos mais um degrau no amadurecimento, experiência pessoal, crescimento individual, na sabedoria da vida.
Para finalizar, aprendi que para tornar-se uma mulher poderosa é não ter medo dos desafios e agruras que a vida irá nos proporcionar. É manter a cabeça, corpo e alma de pé, pela fé e pelo seu otimismo, mesmo não estando se sentindo dessa forma. É ter confiança, respeito e gosto por ser do jeito que você é. Se olharmos para o lado positivo das diferenças de  pessoas, de pensamento, de condutas, o mundo seria bem melhor se soubéssemos o valor que elas trazem consigo: tolerância, amor próprio, foco e força. Tenha preferência em se manter única e original aos seus conceitos e crenças. Torne-se a primeira mulher a desenvolver projetos novos, autênticos e originais. Seja a primeira mulher a inovar algo e faça da sua experiência o exemplo de vida de outras pessoas. Faça história.


Por
Cristiani Seixas Alves Bartha
Primeiro-Tenente da Reserva de 2ª Classe da Marinha do Brasil;
Pós-Graduanda em Planejamento, Implementação e Gestão de Cursos em Educação a Distância;
Pós-Graduada a nível de Especialização em Linguística Aplicada voltada para o Ensino de Inglês como Língua Estrangeira para a Sala de Aula;
Professora, Tradutora e Intérprete de Português/Inglês; e
Graduada com Licenciatura em Letras Português/Inglês.

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