MULHER, QUEM FOMOS? QUEM SOMOS? E O QUE SEREMOS?

          O tempo urge! A informação, o recado, a mensagem nada pode esperar. Afinal, o tempo passa e a notificação do aparelho celular exige resposta. A comida é rápida no estilo Fast Food, não há tempo a perder, nem tempo que possa esperar. Ninguém espera nada, não dá.
          Aquelas conversas de mãe e filha em casa, avós e netas deram lugar à novela e a internet com os temas que se introduziu como uma das educadoras deste tempo, dialogando conosco e com nossas meninas, a era da informação, do nudes, do zapzap operado pela mãe que digita com uma mão só, ou a avó que não sabe que pode mandar conversa no privado acaba dando aqueles sermões em público para toda família;

 A censura discutida e celebrada por Platão e os sofistas, inexiste em nosso meio, a jornalística e a escrita são quase impossíveis de serem implementados, os temas mais complexos como sexo, álcool e drogas adstritos aos pais, e à família, no papel de educar e formar de acordo com suas convicções morais e religiosas na era do relativismo torna-se assunto de todos, ministrados as crianças e jovens por aqueles que nutrem ideologias próprias sem compromisso com os princípios fundantes de nossa sociedade!
Professores passam a educar de acordo com a escolha de sua filosofia de vida e trabalho e todos têm uma opinião divergente da outra, tornando os pais antiquados, inadequados, alienados, culpados, apenados, desacreditados e por vezes  confusos, atolados numa avalanche de informações que precisam ser filtradas e devolvidas as mentes de seus filhos com a personalidade e caráter em formação, e isso quando dá tempo.
 A unanimidade baseada nos princípios fundantes da sociedade e as verdades estruturantes se tornaram tão relativas e fluídas que qualquer modo de vida pode ser inventado e aderido.
Ao falar do feminismo contemporâneo precisamos ponderar sobre as transformações recentes e históricas de quem carrega o relativismo, as verdades universais tidas como pilares da humanidade hoje não são tão importantes quanto no passado, o ritmo frenético do vá, conquiste, lute, seja reconhecida, se sustente, seja autossuficiente, não dependa de ninguém, seja dona do seu corpo, use o que quiser, esteja onde quiser e etc. São os imperativos do momento! E, estar fora desta métrica é nadar contra a maré. E, há aquelas que o aderem pela moda sem medir a consequência dos seus atos.
O bônus da liberdade vem carreando os anseios mais diversos no que tange a liberação feminina. Apesar dos avanços, diametralmente os casos de violência contra a mulher aumentaram, apesar de tanta informação. Ainda que consideremos a ausência do aparato estatal, havemos de considerar outra situação onde a mulher ainda não sabe lidar com a liberdade de escolha versus responsabilidade, levando-a um campo de descobertas desagradáveis muitas vezes, pois insiste que todos devem ser responsáveis por seu bem estar, menos ela. Isso a faz pensar que seus atos devem ser preservados sem quaisquer questionamentos. Passando pela insistência em manter um relacionamento destrutivo, ou relacionar-se com vários homens, ou manter vários parceiros, ou mesmo sexo casual; o que eu quero dizer que para toda e qualquer atitude haverá uma consequência, por isso não se pode entender avanços femininos com irresponsabilidade, a liberação sexual trouxe consigo o sonho da liberdade, mas há condicionantes para que ela seja vivida.
 Mas, regras não combinam bem com o que somos hoje. Gritam as feministas: Sem Regras! Ou minhas regras, meu corpo, por isso discute-se a questão do aborto! Ao invés de sexo protegido, façam sexo quando quiserem e o produto disso poderá ser descartado afinal você manda no seu corpo. É preciso admitir que a liberação feminina não nos concedeu licença para sermos irresponsáveis.
 Houve um tempo em que o respeito aos mais velhos era prioridade, onde não se respondiam os pais com veemência, onde os filhos ouviam esses pais, um tempo em que o casamento era valorizado, onde os valores morais se sobrepunham a moda vigente e assim se educava moças e moços, onde o conselho das mais velhas era respeitado pelas mais novas. A experiência era respeitada e ovacionada. Na era do fast, não dá tempo para esperas, conselhos e sim o ritmo do vá e faça! Questione e viva intensamente, o importante é viver.
Temos hoje a era do relativo como falado acima, os princípios não são levados em consideração, leis esvaziam a possibilidade dos pais de corrigirem seus filhos, outras tentam relativizar o gênero, trazendo a informação pautada em ideologias de que você pode pertencer a um gênero neutro, sem essa de menino ou menina.
O que fomos como mulher (meninas) nas décadas passadas, com traços fortes no conservadorismo, as meninas eram ensinadas a lavar, passar, cozinhar, cuidar da casa, ser boa pessoa, ajudar os mais velhos, não responder os pais, ser correta, cuidar de seu corpo e imagem; soam hoje como ofensas, imagina uma moça ser criada para casar e ter filhos e ser boa dona de casa, honrar seu marido e considera-lo cabeça da casa ! É para dar arrepio em qualquer feminista. A interdependência, ou coo dependência devem dar lugar a independência total e irrestrita da mulher. Jamais dependa! Jamais.
O que somos hoje como mulher (meninas): fortes, exigentes, competentes, livres, casar, beber, fumar, expor o corpo da maneira que quiser e onde quiser! Abortar, ter um pênis amigo para sexo casual, está na pauta! Liberdade sem nenhum tipo de responsabilidade.
Um retrocesso seria fazer com que as mulheres voltassem a viver como antes, com base nos marcos civilizatórios da cultura judaico cristã que é o sustentáculo da sociedade brasileira; está deflagrado o extermínio gradual desta cultura que não presta ao desenvolvimento, segundo os adeptos do hedonismo, feminismo radical e ao relativismo; A razão de existir de um povo são suas regras de convivência, respeito ao próximo, suas limitações, justiça, injustiça, normas de convivência que irão compor o alicerce da sociedade.  
O relativismo inaugura uma era de conflito! Não há mais necessidade de respeitar o passado, nem os entes, nem ninguém! Afinal estamos instituindo uma nova forma de viver. Mas, se esta nova forma atenta contra a própria existência e convivência o que teremos em algumas outras décadas se abortarmos em massa os inocentes? Se não soubermos criar filhos, cuidar dos pais, cuidar da casa, nos relacionarmos com o oposto? Onde estaremos nós? Como se tudo isso fosse coisa de somenos valor?! Quantos idosos abandonados, famílias despedaçadas, pois filhos e filhas não têm em si a liga do amor que torna permanente os laços intergeracionais.

Onde estaremos nós? Um monte de meninas (mulheres) que nada sabemos senão o compromisso com nosso próprio prazer, que muito nos expusemos, relativizando todo conselho de mãe e pai, ou de qualquer um que nos contrarie; rumamos para uma sociedade que aos poucos se mutila em nome de uma liberdade desenfreada e desmedida que no final traduz-se pela busca insana de seu próprio prazer sem se preocupar com mais ninguém, seja pai, mãe, família ou amigos.


Os avanços são bem vindos, mas que com eles cheguem à responsabilidade por viver em sociedade e isso não me deixa andar nua ou seminua numa rua escura durante a noite só porque sou “dona” do meu corpo, esquecendo de que sou responsável por minhas atitudes. Quanto ao que seremos? Deixo para vocês queridos leitores e leitoras responderem.


Por
Alessandra Batista da Silva
É advogada, casada, mãe de 04 filhos, articulista. Hoje, chefia a Coordenadoria de Direitos Humanos em Belford Roxo na Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania.



Comentários