MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

O post de hoje é uma contribuição especial da Psicologa Michelle Morelo 



Que o machismo está presente em nossa sociedade isso não se há dúvidas e o papel social, portanto, dos profissionais de saúde, segurança e educação perpassa pelo ponto central de não compartilhar valores e princípios preconceituosos e machistas. Desse modo, vale ressaltar alguns princípios fundamentais para que as delegacias legais não reproduzam o preconceito existente na sociedade e que este fique acima de sua postura profissional.
Serem éticos: Se houve ou não o crime de violência, seja ela psicológica, física, sexual, será a investigação que irá definir. Cabe aos profissionais realizarem o registro. Há alguns casos, que policiais duvidam da queixa que a vítima faz, principalmente em termos de violência psicológica, em que não se há registros físicos que provem o ato, “Se não há provas não tenho como abrir um RO”. Além disso, há relatos de policias homens que criam um ambiente desconfortável para essas mulheres que sofrem violência. Comentários como: “Se você vier aqui amanhã retirar o registro, eu nem vou abrir um RO, pois só vai me dar trabalho”, “Não estou aqui para dar um susto no seu marido, se não está bom, separa” ou “Você já veio aqui outras vezes e não aprendeu a ficar longe desse homem?!” devem ser terminantemente evitados, ou melhor, extintos.
Outros relatos, dizem respeito aos comentários após a saída das vítimas, que vulgarizam e expõe as mulheres. Comentários como: “Olha a cara dessa mulher de quem gosta de apanhar” devem serem EXTINTOS. É um tanto espantoso, profissionais que estão na sua função para assegurar a segurança da população serem responsáveis por causar situações constrangedoras e se comportar como homens e mulheres preconceituosos.
Não é papel do profissional da delegacia julgar essas mulheres.  O julgamento existe por inúmeros fatores, por preconceito, por desconhecimento do contexto social que essas mulheres estão inseridas, por não ter compaixão, enfim, inúmeros critérios podem ser elencados e nenhum deles deve ser superior ao papel profissional de acolhimento.
Acolher, receber, ouvir, compreender e registrar, sem julgar, sem duvidar, sem ameaçar, sem constranger. Não parece ser difícil agir eticamente, mas tal assunto precisa ser retomado diariamente, discutido e culturalmente instituído na organização.
Por estes fatos relatados, torna-se importante a intensificação de treinamentos, cursos e palestras que contribuam para ampliar a visão do papel social e evidenciar e valorizar os princípios e valores humanos, para acolher essas mulheres vítimas de violência. Precisamos mudar! E essa mudança precisa ser agora! “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova” (Mahatma Gandhi).



Michelle Morelo Pereira é Psicóloga Humanista, Mestre em Psicologia Social, Organizações e Trabalho, Doutoranda em Psicologia Social, Organizações e Trabalho e Professora de Psicologia na Universidade Federal Fluminense.

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